segunda-feira, 26 de novembro de 2007

rotina

A rotina de José Pedro era sempre a mesma. A rotina normal de qualquer pessoa operária que tem carga horária de 9 horas.
Um sujeito simples, de roupas surradas, mas sempre bem limpas, vivia em sua casa com o seu grande parceiro, Toby.
Toby era um cão vira-lata que havia surgido ali num dia de muita chuva. José ficou com pena do cão e o abrigou. Toby não comia muito, até porque era pouco o que sobrava das refeições devoradas pelo seu dono.
José Pedro trabalhava para uma empresa de construção civil, ganhava não mais que quatrocentos reais por mês, isso quando não lhe era descontada uma coisa ou outra.
Conseguia se virar. Pagava o aluguel da peça de dois cômodos, comida, água, luz, aquelas coisas de uma família normal. O problema era que a família de José era Toby e nada mais.
O Zé era um sujeito feliz consigo, gostava de ler, aproveitava as entradas francas no cinema uma vez por mês, passava todos os dias no bar do Pedrão para colocar o papo em dia com os amigos. Ele só ia no bar, para colocar o papo em dia pois não bebia, muito menos fumava.
Estava com 24 anos, havia perdido seus pais a menos de cinco. A mãe fora tomada por um câncer de mama, o pai, cirrose. Ai um bom motivo pelo qual não bebia.
A irmã, única, morava em outro país, mudou-se quando casou com um cara boa pinta, cheio do dinheiro e nunca mais, desde a morte dos pais, dera notícias.
Nada disso importava para José. Queria apenas continuar levando sua vida. Ele mais Toby. Ele amava demais aquele cão, que chegou sofrido, com algumas feridas, pêlo caindo, magro. O Zé fez de tudo, curou os machucados, deu trato, enfim, deixou o Toby um cão, de novo.
Os dois costumavam, sempre que desse um tempo nos finais de semana em que o Zé não trabalhava, passear pelo centro da cidade. Olhar as vitrines das lojas, fazer planos. Era o happy hour deles.
Um dia essa história mudou.
Na volta de um desses passeios passaram por uma rua que nunca haviam passado antes. Um garotinho veio correndo na direção deles.
- Alfredo! Alfredo! Gritava o menino.
Foi então que José Pedro descobriu que Toby não se chamava Toby e sim, Alfredo.
O Alfredo voltou à sua verdadeira família.
O José Pedro foi visitar os pais.

5 comentários:

Jajá NdNós disse...

E aêeeee!!!
Sucesso no blog!!!

Saudades!
Bjssss!!!

(e tira o "psicotécnico" da verificação de palavras hehehe)

Anônimo disse...

Oi Isa... Poxa não sabia desses seus dotes com palavras... mas está de parabéns, adorei o texto...

Abração,

Anônimo disse...

'até o dia em que o cão morreu', do daniel galera.
já leu?
lembrei dele quando li teu texto.
não tem nada a ver com o texto; mas tem tudo a ver com o texto.

Anônimo disse...

Puuutz, se fosse eu nem devolvia o cão! [pior é que quando viu o dono ele deve ter ido sem pensar duas vezes no pobre Zé...]

Ah, me comovi...[kkkkkkkkk!]


E pra variar: gossstei do texto!
Quando escrever um livro me avisa...

Beeijos!

Dora disse...

Me faz bem ler isso aqui.
Esses textos,essas histórias...
Me faz pensar,e isso é bom.

Beijo.
Fica bem. =)