Nada é o que é

Mais um fim de ano chegava, e Vinícius acompanhava, como sempre fizera diariamente, em todos os meios de entretenimento as tendências para a virada de ano, assim como para o ano vindouro. Não era considerado daqueles que segue a onda do momento, mas gostava de estar por dentro do que estava rolando.
Pela manhã, enquanto tomava café, vasculhava em todos os seis jornais do qual tinha assinatura por novidades. Ao meio-dia checava sua conta de e-mail para ver os newsletters que recebia. A noite, após o banho, vasculhava o que havia rolado na internet.
Um cara totalmente ligado, moderno.
O acadêmico de jornalismo que queria ser advogado, andava quase sempre de chinelos de dedo, bermudas surradas e camisetas amarrotadas, inclusive em seu escritório. Apenas se vestia formalmente quando tivesse alguma reunião importante. Coisa rara.
Não gostava de aparecer em público, apesar de seu nome aparecer diariamente na mídia, ou ser lembrado por um e outro. Na sua cidade, era um desconhecido.
Seu trabalho era badalado por modelos, políticos, socialite, enfim, por pessoas da mais alta classe, porém, como ele sempre gosta de dizer, visava todas as classes.
Seu telefone não parava, seu correio eletrônico sempre cheio, e sua agenda cheia de pedidos. Atendia a todos.
Vinícius, nas viradas de ano, usava roupas normais, do dia-a-dia. Nada de branco, ou, seja lá qual cor, estilo, tendência. Só que era o mais cobiçado, nos fim de ano, por revistas de celebridades, fofocas e jovens para dar seu palpite sobre todos esses itens que ignorava.
Em sua ficha de apresentação, nas revistas, nada de foto, apenas o nome fantasia e profissão.
Nome: Vini Alcântara
Profissão: Estilista; consultor de moda
Abaixo, havia sempre:
Nota da redação: o mais respeitado do ramo.