Daniel Ribeiro*
Os vereadores de Estância Velha, crentes fidelíssimos em Deus, resolveram acrescentar no calendário dos acontecimentos, eventos e feriados municipais, mais um “dia de descanso” em homenagem ao Deus em que crêem. Assim, os divinizados edis “discutiram” com os setores sociais, com a população e, chegaram a conclusão de que todos, deístas, ateístas e agnosticistas, queriam um dia de sua faina laboral, para freqüentar as igrejas católicas (trata-se de um rito católico) para de procissões, em profunda meditação elevando seus espíritos a presença do Divino, cujo corpo se consubstancia num pedaço de cereal, a hóstia. Tal dogma católico se comemora na lembrança do sacrifício do Filho de Deus, pela redenção de todos os seres humanos, inclusive, dos ateístas, agnosticistas e, dos próprios vereadores.
Considere-se a iniciativa dos edis estancienses louvável se fossem todos os cidadãos estancienses cristãos, em primeiro lugar, e católicos e evangélicos, em seguida. Nesse ponto, a lei do feriado tem a sua lógica. Vejamos: havendo um feriado, no dia 21 de maio, que no calendário cristão-católico é considerado o dia da ascensão do Senhor aos céus depois de sua jornada terrena, deveria haver também um feriado para outra homenagem a um dogma cristão-católico, no caso, de Corpus Christi (em latim, antiga língua do império Romano, corpo de Cristo).
Assim, um dos argumentos dos iluminados legisladores municipais foi de que o “feriado da ascensão do Senhor” criou-se por conta dos cristãos-evangélicos e que Estância Velha era um dos poucos municípios da região que não tinha um feriado em relação a data católica. Nos demais o feriado é unicamente o católico, de Corpus Christi e, deve haver (aqui perdoem meu desconhecimento), municípios que tenham os dois. Então, como não seria de bom alvitre simplesmente acabar com o “feriado da ascensão”, oficialmente instituído, o que poderia parecer uma desfeita para os evangélicos, achou-se uma saída salomônica, fazer mais um feriado, o dos católicos. Sagaz e inteligente decisão dos nossos “fazedores de leis”. Foram aplaudidos por todos, principalmente, os crentes de que não é o trabalho que dignifica o homem, mas o descanso.
Se concordarmos com o trabalho como algo efetivamente humano e necessário, também concordamos que o trabalho consome energia e vigor humanos, por isso, faz-se juz o descanso. Tal é a razão da legislação que, neste ponto, buscou apoio nas escrituras da religião judaico-cristã, que historia a criação do mundo mediante um trabalho do Deus, que – embora eterno e atemporal – levou de seis dias humanos para fazer o mundo. No sétimo, Ele, “sabath”, em hebraico, descansou. Vem daí, que o trabalho é uma constante eterna, o descanso, um merecimento desta convicção e dedicação laboral.
Como nação, como sociedade, como Estado, somos uma democracia. Ou seja, um Estado cujo poder é concedido aos governantes pelo povo (do grego demos = povo + cratos = poder). Assim, Lula, Yeda e mesmo o prefeito Dilkin, com todas as suas virtudes e defeitos, são governantes por imposição popular e não divina. Igreja e Estado coexistem, mas um não interfere no outro. Este é o principio republicano. Criou-se, o Estado laico, não religioso. Ora, o Brasil é uma república, democrática, laica, por que então, tantos feriados religiosos? Se a intenção usar datas, personagens ou acontecimentos para possibilitar descanso e reflexão, por que não criar feriados em homenagem a eventos, figuras, personagens de elevada contribuição a história seja local, estadual, nacional ou mundial? Um feriado, por exemplo, em homenagem a Albert Sabin, o inventor da vacina anti-pólio, cuja descoberta serviu a toda a humanidade, independente da crença religiosa. Mas, eu sinceramente, aprovaria um feriado para homenagear o dia em que nossos legisladores forem iluminados pelo bom senso. Afinal, trabalho não é coisa do demônio e nem o descanso é coisa de Deus. Ambos, são invenções e necessidades humanas.
*Filósofo

4 comentários:
Se esses vereadores tivessem diálogo,a intensão do seu Waldir era de dialogar com os Evangelicos,para comentar com eles não só pelo feriado em si,mas principalmente da dificuldade que um município tem quando é feriado aqui e ali não.Então,no Brasil só tem nove municípios que festejam este feriado de ascenção.A ideia era de propor esta dificuldade para eles e quem sabe uma conversa civilizada conseguiria êxito.Só que a cultura destes líderes corre sempre na frente e já se apresentaram com projeto assim pela liderança de um DUDU que ficou raivoso porque o SEU WALDIR não empregou o FIOTE dele e se aliou ao VIRAMATO e com esta liderança FALSA se uniram e passaram o projeto sem saber se estavam fazendo o bem ou o mal para o município.TUDO TEM HAVER COM O FIOTE. Quando se representa alguém não se pode olhar o benefício próprio e sim a coletividade.Ao menos manter o diálogo.TUDO TEM HAVER COM O FIOTE.
O que,o dudu já tem toda família trabalhando na prefeitura.Queria mais esta? Não da para agreditar.Estão falando muito desde homem e viramato,parece que são falsos mesmo.
olha ñ são falsos, e sim querem somente aquilo que colke $$$$ no bolso deles..
Diarias e os fiotes nos trampos da prefeituras do vale dos sinos..
Bom dia, caro Isaías!!
Quero comentar a você o descaso que está ocorrendo em relação à segurança púbica de estância velha. O sr. prefeito praticamente está tirando de sua responsabilidade toda e qualquer forma de participação da prefeitura na segurança pública da cidade. Explico: está gradativamente tirando a Guarda Municipal das ruas, assim deixando toda a responsabilidade com a Brigada Militar, com isso sobrecarrengando essa e também contribuindo para que aumente os indíces de violência pelo descaso com a segurança.
De acordo com o modelo de segurança adotado pelo SENASP/Ministério da Jústiça, as Guardas Municipais foram criadas para contribuirem na segurança pública local, de forma preventiva, já que a BM atua de forma mais reativa. E para isso o Ministério da Justiça deu aos municípios verbas para a implantação, aparelhamento e capacitação das GM´s, e estância também recebeu para isso.
O fato é que o Sr. Prefeito está praticamente transformando os GM´s em vigilantes, tirando da operacionalidade externa
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