sábado, 22 de agosto de 2009

Curtas 24/8

HORA INIMIGA
O acidente sofrido pelo jovem Cristian Taffarel Ramos de Oliveira, na semana passada, trouxe a tona uma velha deficiência que temos no Estado, e, por consequência, na região. A falta de leitos em UTI - Unidade de Tratamento Intensivo. Toda a vez que algum paciente necessita de internação em uma UTI, é um deus nos acuda. Os leitos nos hospitais das grandes cidades, como Novo Hamburgo e São Leopoldo, estão sempre lotados, inclusive os particulares. Nem vamos citar aqui os hospitais da Capital, porque lá é pior ainda. Mas voltando ao assunto, no caso do estanciense Cristian de Oliveira, os médicos, com muito esforço, conseguiram um leito no Hospital Municipal de Novo Hamburgo só depois de quatro horas. E vocês, leitores, hão de convir comigo. Quatro horas, dependendo da gravidade do caso, pode ser tarde demais.

MOBILIZAÇÃO GERAL
Outra situação que precisa ser vista e pensada. Em nossa região – de Estância Velha à Nova Petrópolis – não há hospital com UTI. Ou seja, somos reféns da disponibilidade de leitos em outras cidades. Nossa região, conforme divulgamos recentemente, soma mais de 140 mil habitantes. Talvez chegou a hora dos governos Federal e Estadual voltarem os olhos para cá e investirem numa UTI que atenda nossa região. Claro que para isso precisa alguém que faça a frente, e, ninguém melhor que os prefeitos. Eles podem, muito bem, defender e reivindicar essa demanda. Só que não adianta um e outro abraçar a causa. Todos precisam unir forças, traçar metas e objetivos e insistentemente ir atrás desse objetivo.

A FAVOR OU CONTRA
Chegou a vez de falar sobre a troca do local do desfile de 7 de Setembro. Não me manifestei antes, porque não sabia se era a favor ou contra o desfile ser realizado na av. Brasil. Francamente ainda não tenho uma posição definida. No entanto, vamos analisar ambos os lados. Tirando o desfile da rua Presidente Lucena, no Centro, perde-se a identidade do evento, o tradicionalismo e até mesmo um pouco daquela nostalgia. Termina-se um ciclo. Algumas pessoas vão defender ainda que no Centro tinha a sombra das árvores para se abrigar e o acesso era mais facilitado.

SEM MUITAS JUSTIFICATIVAS
Transferindo o desfile para av. Brasil, fica evidente que ganha-se em espaço e acondicionamento. A administração não deu muitas justificativas para a mudança - e nem precisa. O maior pretexto usado para explicar a transferência do desfile para a av. Brasil é de que haverá mais espaço e o público ficará melhor acomodado. O objetivo é disponibilizar arquibancada para todas as pessoas. Além disso, a ideia é de fazer um desfile maior, intenso e mais artístico, Aí o fato da av. Brasil naquele trecho ser larga e reta, acredita-se que haverá uma melhor visualização das apresentações.

QUESTÃO CULTURAL
Aceitar essa mudança não passa de uma simples questão cultural. As pessoas têm medo de mudanças, de coisas novas. É muito mais cômodo manter tudo como está, do que arriscar e colocar tudo a perder com uma novidade. Essa “mesmice cultural” não impera só entre os estancienses, este é um mal de toda a humanidade. Permitamo-nos experimentar “novas aventuras”. Faz-se uma experiência se realmente fica melhor na av. Brasil ou se é melhor voltar ao modelo antigo e realizar os desfiles na Presidente Lucena, e ponto final.

7 DE SETEMBRO = CARNAVAL
Para terminar. Lembro de uma situação parecida com essa que se criou agora. Quem é mais antigo na cidade lembra que o carnaval sempre foi realizado na av. Presidente Vargas, no trecho que vai do Veância ao Monumento ao Curtidor. Logo nas primeiras gestões do Governo Toco, o desfile de carnaval foi transferido para a av. Brasil, onde acontece até hoje e sempre com o mesmo sucesso. Na época - eu ainda era um piá - recordo que a mudança deu repercussão idêntica a essa criada agora. Claro que são duas comemorações distintas, mas o caso é semelhante.

Um comentário:

Unknown disse...

Situações como o que aconteceu com o jovem relatado no teu comentãrio, infelizmente, são comuns.
A que se dizer, que a estrutura do sistema de saúde, principalmente, de "alta complexidade", como é o caso de UTI, não consegue acompanhar a demanda existente.
O Sistema Único de Saúde - SUS - é um sistema hierarquizado de atendimento: baixa, média e alta complexidade. Municípios, são, a priori responsáveis pela baixa complexidade (rede de atenção primária em saúde - unidades de saúde). Alguns, municipios de maior porte conseguem prover e se organizar para o atendimento de média complexidade (é o caso de hospitais de pequeno porte que realizam partos, cesárias, cirurgias de pequeno risco).
Já estruturas destinadas a recuperação da saúde (alta complexidade: cirurgias traumatológicas, cardíacas, transplantes, quimioterapia, radioterapias, etc.) foram estabelecidas em centros maiores devido ao alto custo e a alta especialização exigida.
Ainda, a estrutura do SUS prevê a regionalização da saúde, ou seja, a distribuição mais equitativa dos serviços mais complexos.
É certo que, infelizmente, o desconhecimento por parte de muitos gestores sobre a funcionamento do SUS, impede que haja uma discussão mais produtiva e se avance mais na sua estruturação. Há regiões do estado onde os municípios menores organizaram consórcios ou acordos cooperativos para oferecer serviços e exames mais complexos. Isso ajudou a reduzir as distâncias quando se necessitava, por exemplo, de um acompanhamento mais especializado de saúde.
Quando cada gestor olha somente o próprio umbigo a saúde não avança.
Por fim, há sempre que se lembrar que Estância Velha possui o sistema de saúde melhor organizado, estruturado e distribuído de toda a Região do Vale do Sapateiro. Espero que a população perceba sempre isso, e ajude a mantê-lo e, principalmente, melhorá-lo.
Um abraço.

Daniel Ribeiro - Conselheiro de Saúde