segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

quinta-feira

As quintas-feiras eram sempre desgastantes para Oswaldo. Não só para ele, mas, também, para todos os seus colegas.
Era o dia de trabalhar, das 8 horas da manhã às 10 horas da noite. Uma barra.
Teve uma quinta-feira em especial, se é que se pode chamar de especial. Pareceu que o mundo conspirava contra Oswaldo.
Oswaldo costumava acordar cedo, com isso teria tempo suficiente para tomar um banho relaxado, arrumar-se com calma, e para agüentar o tranco, tomar um café da manhã reforçado. Chegar cedo na empresa também o deixa tranqüilo.
Seu horário habitual de acordar, nas quintas, era às 5h45. Acordará atrasado, às 7, começava a trabalhar às 8.
Pensando bem, uma hora seria o suficiente para fazer tudo que precisava e chegar no horário, isso se a empresa não ficasse na cidade vizinha.
Acordou com a cara amassada, a adrenalina lá em cima. Seus pais tomavam chimarrão na rua, pensou por que não o acordaram, mas deixou por isso, afinal a responsabilidade era sua.
Pegou a toalha no varal, entrou no banheiro e começou a pensar em tudo que precisava fazer. Esqueceu de levar junto a escovinha de dentes. Pensou na roupa que iria usar, o que levaria para o almoço... as coisas de praxe das quintas-feiras atordoadas de Oswaldo.
Saiu do banho, estendeu a toalha, seus pais permaneciam no maior marasmo.
Isso o irritou ainda mais. Mesmo assim permaneceu calado.
- Nem pra perguntar se preciso de ajuda.
Vestiu-se em segundos. Sua pasta estava pronta.
Lembrou do almoço. Levava sempre alguma coisa de casa para não gastar. Um macarrão instantâneo, um arroz com feijão. Qualquer coisa. Só que naquela quinta-feira em especial, nem qualquer coisa tinha.
Oswaldo estava desolado. Irritadíssimo.
Saiu para pegar o ônibus.
Além do atraso, estava com dor de cabeça, os dentes por escovar, sem café da manhã, sem dinheiro para o almoço.
Com a cabeça literalmente cheia de problemas, conseguiu imaginar, ainda, um desfecho mais trágico.
- Só faltava a roupa suja, para tornar-me um exímio mendigo.
Detalhe que ele não viu. Nas costas da sua camiseta a marca do pneu da bicicleta do seu pai.

5 comentários:

Anônimo disse...

Ei, acho que conheço o Oswaldo... Mas diz pra ele que tudo na vida passa e que um dia ele ainda vai ter, daquelas quintas-feiras, uma lembrança de dias difíceis, mas que não eram tão maus. Ele vai lembrar até com uma certa dose de saudosismo desses dias. Saudades dos pais tomando chimarrão juntos, dos macarrões instantâneos e, até mesmo, da correria daqueles dias e da sensação boa que ele tinha quando voltava pra casa e encontrava seu travesseiro.

Um beijo,
Larissa.

Lidiane Pereira disse...

Olha, acho que tb conheço esse Oswaldo....ehehehehe
Isso é experiência vivida sempre, a gente reclama quando tá acontecendo tudo isso, mas depois que passa sentimos saudade, sentimos falta. Eu mesma reclamava pra ti dos trampos da facul e agora q não tem mais aula sinto falta da correria....e faz só quase duas semanas isso...ehehhe
Mas fica bem, te cuida e sorriso no rosto sempre né!?!

Bjooo

Anônimo disse...

Putz... conheço esse Oswaldo! hehehe
Já passei por isso em algumas "quintas-feiras"..rsrsrs...
A gente reclama muitas vezes dessas situações, mas com certeza tudo isso um dia vai servir de aprendizado...

Um beijo
Shana

Anônimo disse...

Oi amor!Acho que isso aconteceu há duas semanas atrás, tô certa?!Coitado do "Oswaldo"...o cel. despertou uma vez, despertou duas, na terceira foi desligado!E o pobre do Oswaldo não levantou!hahaha!Ah esse meu menino....

te amo lindo!

Dora disse...

Quem nunca teve um dia como o do "tio Oswaldo" ali que atire a primeira pedra!
Gostei.

Beijo pra ti.